Mototurismo - Dicas e Conselhos
REGRAS DE OURO DA CONDUÇÃO EM GRUPO
Verificar o estado das motos
Se não conhece todos os membros do grupo, verifique o estado das motos e a situação dos seguros de cada um. Não se trata de "brincar aos polícias", mas deste controle depende a segurança de todos. Se um dos motards se apresentar sem o seguro válido ou com uma moto equipada com pneus lisos, recuse-o.
Prever o itinerário
A fim de melhorar o prazer da viagem, caso não tenha um sistema GPS, obtenha um itinerário detalhado do percurso previsto, com uma fotocópia do mapa das estradas e o percurso assinalado com marcador colorido e um "road-book" em que estejam assinaladas as principais mudanças de direcção. Esta folha de papel (formato A4) será metida no saco colocado sobre o reservatório. Mais vale prever com antecedência as paragens da viagem (hotel, restaurantes, visitas...) e comunicar um horário aproximado e as direcções destes pontos de encontro para o caso de um dos participantes se perder. Por outro lado, não hesite em parar nos cruzamentos mais importantes.
Enquadrar os novatos
Ajude os novos condutores e coloque-os na coluna entre outras pessoas mais experimentadas. A ordem de partida deve ser respeitada ao longo de todo o trajecto. Evite ultrapassagens salvo em caso de força maior.
Ultrapassar um após o outro
Se a circulação se tornar densa, as ultrapassagens far-se-ão em grupo nos troços da estrada em que a visibilidade for total. No caso contrário, espere que a moto que vai à frente recupere a nova posição antes de começar a ultrapassagem pois, em caso de surpresa, a moto que segue de perto pode muito bem decidir travar para se reabastecer, em vez de tentar a ultrapassagem.
Respeitar as distâncias de segurança
Regra número um, não siga a moto que o precede demasiado perto dela. Conserve uma boa distância de segurança, sobretudo se o pavimento estiver húmido.
Antecipar as manobras
No caso de mudança de direcção, de paragem ou de uma situação imprevista, não hesite em travar por pequenos toques a fim de fazer acender a sua luz stop e de prevenir os seus seguidores de que se vai passar qualquer coisa. O mesmo se diga para os piscas a activar antes de cada cruzamento. Por outro lado, é bom assinalar os obstáculos (gravilhas, pedras, terra...) por um movimento com o pé ou levantando o braço se o perigo for real.
Vigiar a retaguarda
Para evitar qualquer desmembramento do grupo, cada um deve observar pelo retrovisor os que vêm atrás de si. As motos têm autonomias diferentes e podem ter falta de combustível inesperadamente com um condutor menos atento. Podem dar-se outros incidentes (saída da estrada ou furo) e, nestes casos, se mais ninguém o seguir, faça vários sinais de faróis ao seu predecessor e depois pare num local sem risco, se desejar efectuar meia-volta.
Em linha recta, condução em escada
A fim de melhorar as distâncias de segurança e a visibilidade de todos, nas rectas conduza sistematicamente em "escada", isto é, na mesma via uma moto no lado esquerdo, depois outra no direito, depois outra à esquerda e assim sucessivamente. O "leader" deve posicionar-se no lado esquerdo, o que lhe oferece uma maior visibilidade para a frente e para a retaguarda. No caso de travagem de urgência, cada um deverá imperativamente ficar no seu lado, a fim de manter a maior margem de manobra possível.
Olhar longe para a frente
Em curva, a fila indiana retoma as regras normais para que cada um possa escolher a trajectória ideal. Um conselho entretanto, não ponha os olhos colados à roda de trás da moto que vai à sua frente. Se o condutor cometer um erro, vai juntar-se a ele na valeta. Conservando o seu campo de visão, concentre-se sobretudo na boa trajectória.
Uma bóia de salvação: o telefone
Apesar de todos estes cuidados, um dos membros pode perder-se, desaparecer pura e simplesmente na esquina de uma rua ou ficar bloqueado num semáforo encarnado. Nada de pânico, no "road-book" você teve o cuidado de lhe escrever um número de telefone (eventualmente com um respondedor automático de chamadas) onde será suficiente que ele deixe uma mensagem clara, indicando o local do percurso em que esperará a vossa chegada.
REGRAS DE OURO DA CONDUÇÃO NO INVERNO
1º Inimigo : a CHUVA
A arma definitiva, especialmente em chuvas pequenas, é a existência de carenagem.
Igualmente, para evitar sustos com a chuva, tenha particular atenção à escolha dos pneus. os compostos "pedra", de grande duração, podem chegar a ser perigosos. Os travões antibloqueio são um privilégio nestas condições.
Um fato impermeável (mais fácil de transportar se for composto de duas peças) é imprescindível, salvo se optar pelas soluções completas de "Gore-Tex". O mesmo se diga de uns cobre-botas, a não ser que tenha umas botas completamente impermeáveis.
Como soluções de emergência podem ser utilizados sacos de plástico (do lixo) bem ajustados ao que se quiser resguardar, bem como luvas de plástico ou borracha sobre as luvas normais.
A condução deve ser suave e sem manobras bruscas porque, deste modo, pode-se viajar com água e com uns limites de segurança bastante mais amplos do que parece. Aqueça os pneus com cuidado e evite as linhas brancas no pavimento, regueiros de gasóleo, etc.
Lembre-se que os automobilistas não o veêm, com os seus vidros embaciados e com os espelhos cobertos de água.
Trate as placas metálicas ou as tampas de esgotos como se fossem placas de gelo.
Lei de Murphy: quando se põe o fato de chuva não chove, mas se se esquecer dele cairá toda a chuva do mundo...
2.º Inimigo: o FRIO
Considera-se que é o mais comum, sendo um dos principais inimigos do condutor de mota mas, felizmente, é o mais fácil de combater. Entre 12ºC e 1ºC há que tomar medidas especiais. Fisicamente não existe o frio, apenas há ausência de calor...
A carenagem é imprescindível, pela sua eficácia. Pode-se sempre montar uma viseira que evite o vento no peito.
O "Gore-Tex" e outras fibras revolucionaram o vestuário de Inverno. Como soluções de emergência, há o recurso a um jornal a resguardar o peito, bem como cobre-mãos feitos com garrafas de plástico cortadas longitudinalmente.
Para o uso de coletes ou punhos térmicos, é importante ter a bateria em boas condições e toda a cablagem blindada e bem colocada.
Com baixas temperaturas, mas sempre superiores a 0ºC, a condução não difere do habitual em condições normais, mas é preciso recordar que os pneus frios agarram muito menos que quentes, em especial durante os primeiros quilómetros.
Qualquer acompanhante deve ir com equipamento ainda melhor do que o condutor.
Há sempre humidades e descidas de temperatura ao passar zonas sombrias.
Deve sair de casa bem quente. Mais vale perder uns minutos fechando tudo antes de sair, ajustando bem as roupas e fechos, do que ter de o fazer a meio do percurso, quando já é muito difícil recuperar o calor perdido.
3.º Inimigo: o NEVOEIRO
Enganoso, molha a viseira de forma lenta e não desaparece com a velocidade, dificultando ainda mais a visão.
As armas principais são os faróis anti-nevoeiro, os líquidos anti-embaciantes e os reflectores bem colocados (inclusivamente no fato).
Como soluções de emergência pode levantar-se a viseira (se não levar óculos) ou utilizar sabão líquido como anti-embaciador (e enxaguar bem).
Quanto à condução, o mais perigoso são as auto-estradas e as vias rápidas, em que se tem a tentação de circular mais rápido do que a visibilidade permite. É preciso assumir que o pavimento está molhado, aceitando que a média quilométrica da viagem se reduzirá drasticamente.
Não diminuir nunca a precaução, porque circular muito tempo com nevoeiro conduz a uma falsa sensação de segurança.
É preciso limpar frequentemente a viseira com a luva, bem como recordar que nem todos os obstáculos levam luz (vacas, carros, peões, etc.).
Em caso de avaria ou paragem na estrada, estacione fora do asfalto.
4.º Inimigo: o GELO
Traiçoeiro, camuflado, o gelo nunca denuncia a sua presença. Circulando em estrada aberta, é o mais fulminante dos inimigos. Convém tentar detectá-lo antes que o termómetro alcance os 0ºC.
Não há armas definitivas contra o gelo.
Como soluções de emergência, poder-se-ão enrolar cordas na roda traseira para conseguir que esta se agarre. Ou utilizar certos líquidos que se espalham sobre o pneu.
A condução tem de ser de antecipação. Quando a temperatura ronda os 0ºC, as manchas na estrada já não serão de água líquida.
Se se entrar repentinamente sobre uma placa de gelo e se se tiver uma boa escapatória, há que seguir "teso como uma vela".
Sobre neve pode-se avançar com uma moto de estrada sempre que não houver desníveis pronunciados.
Quanto ao granizo, enquanto não se formar uma capa sobre o piso da estrada, os pneus desalojam as bolas bastante bem.
É preciso limpar várias vezes a viseira do capacete, passando a luva, para evitar que a neve congele.
Numa zona de sombra permanente podem estar restos de gelo mesmo durante o dia.
5.º Inimigo: o VENTO
É um inimigo diabólico que não permite baixar as precauções nem um momento. Consegue pôr tenso o sistema nervoso do mais calmo dos motociclistas.
Sempre se prefere o vento frontal aos laterais e são muito mais defensáveis os contínuos do que os intervalados.
A arma definitiva de defesa é a perícia do condutor.
Como soluções de emergência, pode-se mudar a posição, deslocando-se para o lado de onde sopra o vento. Deve transportar-se equipamentos baixos e pouco volumosos e, ao viajar-se com acompanhante, deve tentar fazer-se um só corpo.
Quanto à condução, deve evitar-se a distração, conduzindo sempre muito atento e disposto a corrigir qualquer rajada com energia, mas também com tranquilidade.
Viajar apoiado num vento lateral é relativamente fácil.
A mota avança inclinada nas rectas, mas é preciso prestar muita atenção às mudanças do vento que se verificam nas barreiras (taludes ou valas): tapam repentinamente o vento, considerando-se que os momentos mais críticos são o da ultrapassagem de um camião ou o da entrada numa ponte.
Deve observar-se as árvores, as bandeiras ou a vegetação alta.
Os sinais de uma manga de aviação (ou de vento) indicam zona de ventos frequentes ou que estamos próximos de uma travessia de corredores naturais de vento.
Fonte: Site do Clube Pan-European de Portugal
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